quinta-feira, 12 de outubro de 2017

FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO I. DOS ESPÍRITOS. FORMA E UBIQUIDADE DOS ESPÍRITOS.

Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante aos nossos olhos, mas não aos dos Espíritos puros.  Eles são, se o quisermos uma flama, um clarão ou uma centelha etérea.
Esta flama ou centelha tem alguma cor para nós, e ela varia do escuro ao brilho do rubi, de acordo com a menor ou maior pureza do Espírito.
Comentário de Kardec:  Representam-se ordinariamente os gênios com uma flama ou uma estrela na fronte. É essa uma alegoria, que lembra a natureza essencial dos Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, por ser ali que se encontra a sede da inteligência.
Os Espíritos gastam algum tempo para cruzar o espaço, porém, mas rápido como o pensamento.
O pensamento é a própria alma que se transporta. Quando o pensamento está em alguma parte, à alma também o está, pois é a alma que pensa. O pensamento é um atributo.
O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, e é subitamente transportado para onde deseja ir.  O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, dar-se conta da distância que atravessa, mas essa distância pode também desaparecer por completo; isso depende da sua vontade e também da sua natureza, se mais ou menos depurada.
A matéria não oferece obstáculos aos Espíritos; eles penetram tudo; o ar, a terra, as águas, o próprio fogo lhes são igualmente acessíveis.
Os Espíritos têm o dom da ubiquidade, porém não pode dividir-se ou estar ao mesmo tempo em vários pontos; mas cada um deles é um centro que irradia para diferentes lados, e é por isso que parecem estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o sol, que não é mais do que um, e, não obstante, irradia por toda parte e envia os seus raios até muito longe. Apesar disso, ele não se divide.
Nem todos os Espíritos irradiam com o mesmo poder; o poder de irradiação depende do grau de pureza de cada um.
Comentário de Kardec: Cada Espírito é uma unidade indivisível; mas cada um deles pode estender o seu pensamento em diversas direções, sem por isso se dividir É somente nesse sentido que se deve entender o dom de ubiquidade atribuído aos Espíritos. Como uma fagulha que projeta ao longe a sua claridade e pode ser percebida de todos os pontos do horizonte. Como, ainda, um ser humano que, sem mudar de lugar e sem se dividir, pode transmitir ordens, sinais e produzir movimentos em diferentes lugares.


 BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

OBJETIVO DA ADORAÇÃO.





0 LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE TERCEIRA. LEIS MORAIS. CAPITULO II. LEI DE ADORAÇÃO. OBJETIVO DA ADORAÇÃO.

A adoração consiste na elevação do pensamento a Deus. Pela adoração o ser humano aproxima de Deus a sua alma.
 A adoração é o resultado de um sentimento inato, como o da Divindade. A consciência de sua fraqueza leva o ser humano a se curvar diante daquele que o pode proteger.
 Não houve povos desprovidos de todo sentimento de adoração, porque jamais houve povos ateus. Todos compreendem que há, acima deles, um ser supremo.
A adoração faz parte da lei natural, porque é o resultado de um sentimento inato no ser humano; por isso a encontramos entre todos os povos, embora sob formas diferentes.


BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PERISPÍRITO.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO I. DOS ESPÍRITOS. PERISPIRITO.

O Espírito propriamente dito vive envolvido por uma substância que é vaporosa, mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto, para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser.
Comentário de Kardec:  Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório que, por comparação, se pode chamar períspirito.
O Espírito tira o seu envoltório semimaterial do fluído universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudamos de roupa.
 Dessa maneira, quando os Espíritos de mundos superiores vêm até nós, tomam um períspirito mais grosseiro. Sendo isto necessário para que eles se revistam da nossa matéria, como já foi dito.
O envoltório semimaterial do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível, sendo isso uma forma ao arbítrio do Espírito; e é assim que ele nos aparece algumas vezes, seja nos sonhos, seja no estado de vigília, podendo tomar uma forma visível e mesmo palpável.


BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

CONHECIMENTO DO PRINCIPIO DAS COISAS.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE PRIMEIRA. AS CAUSAS PRIMÁRIAS. CAPÍTULO II. ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO.
  CONHECIMENTO DO PRINCÍPIO DAS COISAS.

Não pode o ser humano conhecer o princípio das coisas, por que Deus não permite que tudo seja revelado ao ser, aqui na Terra.
0 ser humano penetrará um dia no mistério das coisas que lhe estão ocultas na medida em que ele se depurar; mas, para a  compreensão de certas coisas, necessita de faculdades que ainda não possui.
0 ser humano poderá, pelas investigações da Ciência, penetrar em alguns dos segredos da Natureza, mas não pode ultrapassar os limites fixados por Deus.
A Ciência lhe foi dada para o seu adiantamento em todos os sentidos, mas tem seus limites como foi dito.
Comentário de Kardec: Quanto mais é permitido ao ser penetrar nesses mistérios, maior deve ser a sua admiração pelo poder e a sabedoria do Criador. Mas, seja por orgulho, seja por fraqueza sua própria inteligência o torna frequentemente joguete da ilusão. Ele acumula sistemas sobre sistemas, e cada dia que passa mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades repeliu como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.
Pode o ser humano receber, fora das investigações da Ciência, comunicações de uma ordem mais elevada sobre aquilo que escapa ao testemunho dos sentidos se Deus o julgar útil, pode revelar-lhe aquilo que a Ciência não consegue apreender.
Comentário de Kardec: É através dessas comunicações que o ser humano recebe dentro de certos limites o conhecimento de seu passado e do seu destino futuro.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


OBJETIVO DA ENCARNAÇÃO

PARTE SEGUNDA. MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO II. ENCARNAÇÃO DOS ESPÍRITOS. OBJETIVO DA ENCARNAÇÃO.

A finalidade da encarnação dos Espíritos vem a ser que Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea; nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da Criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a matéria essencial do mesmo, afim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progredir.
Comentário de Kardec: A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem dele. É assim que, por uma lei admirável de sua providência, tudo se encadeia tudo é solidário na Natureza.
Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem têm necessidade da encarnação. Onde todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e atribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer feliz a uns, sem penas e sem trabalhos, e, por conseguinte sem mérito.
Isto serve aos Espíritos que seguem o caminho do bem, mesmo não os isentando das penas da vida corporal, por que chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são frequentemente a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

domingo, 8 de outubro de 2017

ESPAÇO UNIVERSAL.





O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE PRIMEIRA. AS CAUSAS PRIMÁRIAS. CAPÍTULO II. ELEMENTOS GERAIS DO UNIVERSO. ESPAÇO UNIVERSAL.
O espaço universal é infinito. Se tivesse limites para ele, o que haveria além.  O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas; não é na nossa pequena esfera que o podemos compreender.
Comentário de Kardec: Supondo-se um limite para o espaço, qualquer que seja à distância a que o pensamento possa concebê-lo, a razão diz que, além desse limite, há alguma coisa. E assim, pouco a pouco, até o infinito, porque essa alguma coisa, mesmo que fosse o vazio absoluto, ainda seria espaço.
 O vazio absoluto não existe em alguma parte do espaço universal, nada é vazio. O que é vazio para nos, está ocupado por uma matéria que escapa aos nossos sentidos e aos nossos instrumentos.
Todos estes princípios estão hoje comprovados pela investigação científica, mesmo no campo do mais ortodoxo materialismo.

BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


PODER OCULTO.TALISMÃ, FEITICEIRO.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO VII. RETORNO A VIDA CORPORAL. INTRVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO CORPORAL. PODER OCULTO, TALISMÃ, FEITICEIROS.
Um ser humano mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe for devotado, não pode fazer o mal ao seu próximo, porque Deus não o permitiria.
Da crença no poder de enfeitiçar que certas pessoas teriam, podemos dizer que algumas pessoas têm um poder magnético muito grande, do qual podem fazer mau uso se o seu próprio Espírito for mau. Nesse caso poderão ser secundadas por maus Espíritos. Mas não acreditemos nesse pretenso poder mágico que só existe na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes das verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam são fatos naturais mal observados e, sobretudo mal compreendidos.
O efeito de fórmulas e práticas com as quais certas pessoas pretendem dispor da vontade dos Espíritos, e a de se tornar ridículas, se são de boa-fé; no caso contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são charlatanices; não há nenhuma palavra sacramental, nenhum signo cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porque eles só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.
Certos Espíritos ditaram, algumas vezes, fórmulas cabalísticas, pois tem Espíritos que indicam signos, palavras bizarras, ou que prescrevem certos atos, com a ajuda dos quais fazem aquilo que chamam conjuração. Mas fiquemos bem seguros de que são Espíritos que zombam de e abusam da credulidade de algumas pessoas.
Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um talismã, não pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito. Porque então é o pensamento que age; o talismã é um signo que ajuda a dirigir o pensamento, mas a natureza do Espírito atraído depende da natureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de ideias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zombadores.
O sentido da qualificativo de feiticeiro são pessoas, quando de boa-fé, que possuem certas faculdades como o poder magnético ou a dupla vista. Como fazem coisas que não compreendemos, as julgamos serem dotadas de poder sobrenatural. Exemplo que se da, é que nossos sábios não passaram muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes.
Comentário de Kardec: O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula.
Certas pessoas têm realmente o dom de curar por simples contato, pois o poder magnético pode chegar até isso, quando é secundado pela  pureza de sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons Espíritos auxiliam. Mas é necessário desconfiar da maneira por que as coisas são contadas por pessoas muito crédulas ou muito entusiastas, sempre dispostas a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e mais naturais. É necessário também desconfiar dos relatos interesseiros por parte de pessoas que exploram a credulidade em proveito próprio.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

A VIDA E A MORTE

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO IV. PRINCÍPIO VITAL. A VIDA E A MORTE.

A causa da morte nos seres orgânicos é a falência dos órgãos.
 Pode-se comparar a morte à cessação do movimento numa máquina desarranjada, pois, se a máquina estiver mal montada, a sua mola se quebra; se o corpo estiver doente, a vida se esvai.
Uma lesão do coração, entre os outros órgãos, é a causa da morte.
Ele é a máquina da vida. Mas não é ele o único órgão em que uma lesão causa a morte; ele não é mais do que uma das engrenagens essenciais.
A matéria e o principio vital dos seres orgânicos após a morte ela se decompõe e vai formar novos seres; o princípio vital retorna à massa.
Comentário de Kardec: Após a morte do ser orgânico, os elementos que o formavam passam por novas combinações, constituindo novos seres que haurem na fonte universal o principio da vida e da atividade, absorvendo-o e assimilando-o, para novamente o devolverem a essa fonte, logo que deixarem de existir.
Os órgãos estão, por assim dizer, impregnados de fluido vital. Esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que lhes permite comunicarem-se entre si, no caso de certas lesões, e restabelecerem funções momentaneamente suspensas.
Mas quando os elementos essenciais do funcionamento dos órgãos são destruídos ou profundamente alterados, o fluido vital não pode transmitir-lhes o movimento da vida, e o ser morre.
Os órgãos reagem mais ou menos necessariamente uns sobre os outros; é da harmonia do seu conjunto que resulta essa reciprocidade de ação. Quando uma causa qualquer destrói esta harmonia, suas funções cessam, como o movimento de um mecanismo cujas engrenagens essenciais se desarranjaram; como um relógio gasto pelo uso ou desmontado por um acidente, que a força motriz não pode pôr em movimento.
Temos uma imagem mais exata da vida e da morte num aparelho elétrico. Esse aparelho recebe a eletricidade e a conserva em estado potencial, como todos os corpos da Natureza. Os fenômenos elétricos, porém, não se manifestam, enquanto o fluido não for posto em movimento por uma causa especial, e só então se poderá dizer que o aparelho está ativo. Cessando a causa da atividade, o fenômeno cessa; e o aparelho volta ao estado de inércia. Os corpos orgânicos seriam, assim, como pilhas de aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido produz o fenômeno da vida: a cessação dessa atividade ocasiona a morte.
A quantidade de fluido vital não é a mesma em todos os seres orgânicos: varia segundo as espécies, e não é constante no mesmo indivíduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados do fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. É por isso que uns são mais ativos mais enérgicos e, de certa maneira, de vida superabundante.
A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se incapaz de entreter a vida se não for renovada pela absorção e assimilação de substâncias que o contem.
O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade pode dá-lo ao que tem menos e, em certos casos, fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

sábado, 7 de outubro de 2017

NATUREZA DAS PENALIDADES E PRAZERES FUTUROS.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES. CAPÍTULO II. PENALIDADES E PRAZERES FUTUROS.
NATUREZA DAS PENALIDADES E PRAZERES FUTUROS.
As penas e os gozos da alma após a morte não têm alguma coisa de material, desde que a alma se desprenda da matéria. O próprio bom senso o diz. Essas penas e esses gozos nada têm de carnal e por isso mesmo são mil vezes mais vivos do que os da Terra. O Espírito, uma vez desprendido, é mais impressionável: a matéria não mais lhe enfraquece as sensações.
 O ser humano faz ideias tão grosseiras e absurdas das penas e dos gozos da vida futura, porque a sua inteligência ainda não é suficientemente desenvolvida. Aliás, isso depende também do que se lhe tenha ensinado: é nesse ponto que há necessidade de uma reforma. A linguagem terrena é muito imperfeita para exprimir o que existe além do seu alcance. Por isso, foi necessário fazer comparações, sendo essas imagens e figuras tomadas como a própria realidade. Mas à medida que o ser humano se esclarece, seu pensamento compreende as coisas que sua linguagem não pode traduzir.
A felicidade dos Bons Espíritos consiste em conhecer todas as coisas; não ter ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos seres. O amor que os une é para eles a fonte de uma suprema felicidade. Não experimentam nem as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias da vida material. São felizes com o bem que fazem. De resto, a felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação. Somente os Espíritos puros gozam, na verdade, da felicidade suprema, mas nem por isso os demais são infelizes. Entre os maus e os perfeitos, há uma infinidade de graus, nos quais os gozos são relativos ao estado moral. Os que são bastante adiantados compreendem a felicidade dos que avançaram mais que eles, e a ela aspiram, mas isso é para eles motivo de emulação e não de inveja. Sabem que deles depende alcançá-la e trabalham com esse fito, mas com a calma da consciência pura. Sentem-se felizes de não ter de sofrer o que sofrem os maus.
Contando a ausência das necessidades materiais entre as condições da felicidade para os Espíritos. Mas a satisfação dessas mesmas necessidades é para o ser humano uma fonte de gozos animais. E quando não podemos satisfazer essas necessidades, isso é uma tortura.
Se deve entender isto quando se diz que os Espíritos puros estão reunidos no seio de Deus e ocupados em lhe cantar louvores, vem a ser uma alegoria para dar a ideia da compreensão que eles têm das perfeições de Deu. Pois o veem e compreendem; mas, como tantas outras, não se deve torná-la ao pé da letra. Tudo na Natureza, desde o grão de areia, canta, ou seja, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Mas não pensemos que os Espíritos bem-aventurados estejam em contemplação na eternidade. Isso seria uma felicidade estúpida e monótona, e mais ainda, a felicidade do egoísta, pois a sua existência seria uma inutilidade sem fim. Eles não sofrem mais as tribulações da existência corpórea: isso já é um gozo; depois, como já foi dito, conhecem e sabem todas as coisas e empregam proveitosamente a inteligência adquirida, para auxiliar o progresso dos outros Espíritos: essa é a sua ocupação e ao mesmo tempo um gozo.
Os sofrimentos dos Espíritos inferiores são tão variados quanto às causas que os produzem e proporcionais ao grau de inferioridade, como os gozos são proporcionais ao grau de superioridade. Podemos resumi-los assim: cobiçar tudo o que lhes falta para serem felizes, mas não poder obtê-lo; ver a felicidade e não poder atingi-la; mágoa, ciúme, raiva, desespero, decorrentes de tudo o que os impede de serem felizes, remorsos e uma ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazê-los. É isso o que os tortura.
A influência que os Bons Espíritos exercem uns sobre os outros é sempre boa da parte deles. Mas os Espíritos perversos procuram desviar do caminho do bem e do arrependimento os que  consideram suscetíveis de serem arrastados, e que, muitas vezes, levaram  para o mal durante a vida terrena.
A morte não nos livra da tentação, mas a ação dos maus Espíritos é muito menor sobre os outros  Espíritos do que sobre os seres humanos, pois aqueles não estão sujeitos às paixões materiais.
Os maus Espíritos para tentar os outros Espíritos,  mesmo não se dispondo do auxílio das paixões, existem, entretanto, no pensamento dos Espíritos atrasados. Os maus entretêm esses pensamentos,  arrastando suas vítimas aos lugares onde deparam com essas paixões e com tudo o que as possa excitar.
 Mas pergunta-se, para que servem essas paixões, se lhes falta o objeto real?
A resposta é precisamente para o seu suplício: o avarento vê o ouro que não pode possuir; o devasso, as orgias de que não pode participar; o orgulhoso, as honras que inveja e de que não pode gozar.
Os maiores sofrimentos que os maus Espíritos podem suportar, não há descrição possível das torturas morais que constituem a punição de certos crimes. Os próprios Espíritos que as sofrem teriam dificuldades em nos dar uma ideia. Mas seguramente a mais horrível é o pensamento de serem condenados para sempre.
Comentário de Kardec: O ser humano tem das penas e dos gozos da alma após a morte uma ideia mais ou menos elevada, segundo o estado de sua inteligência. Quanto mais ele se desenvolve, mais essa ideia se depura e se desprende da matéria; compreende as coisas de maneira mais racional e deixa de tomar ao pé da letra as imagens de uma linguagem figurada. A razão mais esclarecida nos ensina que a alma é um ser inteiramente espiritual e, por isso mesmo, não pode ser afetada pelas impressões que não agem fora da matéria. Mas disso não se segue que esteja livre de sofrimentos, nem que seja punida pelas suas faltas.
As comunicações espíritas têm por fim mostrar-nos o estado futuro da alma, não mais como uma teoria, mas como uma realidade. Colocam sob nossos olhos as vicissitudes da vida do além-túmulo, mas ao mesmo tempo no-las apresentam como consequências perfeitamente lógicas da vida terrena. E embora destituídas do aparato fantástico criado pela imaginação dos seres humanos, nem por isso são menos penosas para os que fizeram mal uso de suas faculdades. A diversidade dessas conseqüências é infinita, mas pode dizer-se de maneira geral: cada um é punido naquilo em que pecou. Assim é que uns o são pela incessante visão do mal que fizeram; outros pelos remorsos, pelo medo, pela vergonha, a dúvida, o isolamento, as trevas, a separação dos seres que lhes são caros etc.
A procedência da doutrina do fogo eterno é uma imagem como tantas outras, tomada pela realidade.
 Mas esse temor não pode ter um bom resultado, pois é só ver se ela refreia aqueles que a ensinam. Se ensinam coisas que a razão rejeitará mais tarde, por certo produzirá uma impressão que não será durável nem salutar.
Comentário de Kardec: O ser humano, incapaz de traduzir na sua linguagem a natureza desses sofrimentos, não encontrou para ela comparação mais enérgica que a do fogo, pois este é para ele o tipo do suplicio mais cruel e o símbolo da ação mais enérgica. É por isso que a crença no fogo eterno remonta a mais alta Antiguidade e os povos modernos a herdaram dos antigos. É ainda por isso que, na sua linguagem figurada, ele diz: o fogo das paixões, queimar de amor, de ciúmes etc.
Os Espíritos inferiores compreendem a felicidade do justo, e é isso o que os tortura, pois compreendem que estão privados dela por sua própria culpa. E por isso que o Espírito liberto da matéria aspira a uma nova existência corpórea, pois cada existência poderá abreviar se for bem empregada, a duração desse suplício. É então que ele escolhe as provas que poderão expiar suas culpas. Porque, ficam sabendo, o Espírito sofre por todo o mal que fez ou do qual foi causador involuntário, por todo o bem que, tendo podido fazer, não o fez, e por todo o mal que resultar do bem que deixou de fazer. O Espírito errante não está mais envolvido pelo véu da matéria; é como se tivesse saído de um nevoeiro e vê o que o distancia da felicidade; então sofre ainda mais, porque compreende quanto é culpado. Para ele não existe mais a ilusão; vê a realidade das coisas.
Comentário de Kardec: O Espírito, na erraticidade, abrange na sua visão, de um lado, todas as suas existências passadas, e do outro, o futuro prometido, compreendendo o que lhe falta para atingi-lo. Como um viajante que chegou ao cume de uma montanha, vê a rota percorrida e o que falta para chegar ao seu destino.
Quanto aos Espíritos Bons verem o  sofrimento dos maus não  lhes causa aflição, e nem os perturba, pois eles sabem que o mal terá um fim e ajudam os outros no seu aperfeiçoamento, estendendo-lhes a mão: essa é a sua ocupação e um gozo quando obtêm êxito.
A visão dos Espíritos das dores e dos sofrimentos dos que lhes foram caros na Terra não lhes perturba a felicidade, por que: consideram as aflições de outro ponto de vista, pois sabem que os sofrimentos são úteis para o adiantamento deles, desde que os suportem  com resignação. Eles se afligem mais com a falta de coragem que os atrasam do que com os sofrimentos que sabem ser passageiros.
Os Espíritos não podem ocultar-se reciprocamente os pensamentos e, todos os atos da vida sendo conhecidos, segue-se que o culpado está sempre na presença da vítima, diz o bom senso.
Essa revelação de todos os atos repreensíveis e a presença constante das vítimas será um castigo para o culpado maior do que se pensa, mas somente até que ele tenha expiado as suas culpas, seja como Espírito, seja como ser humano em novas existências corpóreas.
Comentário de Kardec: Quando estivermos no mundo dos Espíritos, todo o nosso passado estando descoberto, o bem e o mal que tivermos feito serão igualmente conhecidos. Em vão aquele que fez o mal tentará escapar à visão de suas vítimas: sua presença inevitável será para ele um castigo e um remorso incessante, até que tenha expiado os seus erros. O ser humano de bem, pelo contrário, só encontrará por toda parte olhares amigos e benevolentes.
Para o mau, não há maior tormento na Terra que a presença de suas vítimas. É por isso que ele sempre as evita. Que será dele quando, dissipada a ilusão das paixões, compreender o mal que praticou, vendo os seus atos mais secretos revelados, uma hipocrisia desmascarada, e sem poder subtrair-se à sua vista? Enquanto a alma do ser humano perverso é presa da vergonha, do pesar e do remorso, a do justo goza de perfeita serenidade.
 A recordação das faltas que a alma tenha cometido quando ainda imperfeita não perturba a sua felicidade, mesmo depois que ela se depurou, porque ela resgatou as suas faltas e saiu vitoriosa das provas a que se submeteu com esse fim.
Para a alma que permanece ainda imaculada, as provas que ainda terá de sofrer para terminar a sua purificação são uma preocupação penosa, que perturba a sua felicidade.
 É por isso que ele não pode gozar de uma felicidade perfeita, senão quando estiver inteiramente pura. Mas para aquela que já se elevou o pensamento das provas por que ainda tem de passar nada tem de penoso.
Comentário de Kardec: A alma que chegou a um certo grau de pureza goza a felicidade. Um sentimento de doce satisfação a envolve: sente-se feliz com tudo o que vê e que a rodeia; o véu se eleva, para ela, descobrindo os mistérios e as maravilhas da criação e as perfeições divinas se mostram em todo o seu esplendor.
O laço de simpatia que une os Espíritos da mesma ordem é para eles um motivo de felicidade.
A união dos Espíritos que se simpatizam pelo bem é para eles um dos maiores gozos, porque não temem ver essa união perturbada pelo egoísmo. Eles formam, no mundo inteiramente espiritual, as famílias do mesmo sentimento. É nisso que consiste a felicidade espiritual, como em no mundo material os seres humanos se agrupam em categorias e gozam de um certo prazer quando se reúnem. A afeição pura e sincera que provam e de que são objeto é um motivo de felicidade, pois lá não há falsos amigos nem hipócritas.
Comentário de Kardec: O ser humano goza as primícias dessa felicidade sobre a Terra, quando encontra almas com as quais pode confundir-se numa união pura e santa. Numa vida mais depurada, esse prazer será inefável e sem limites, porque ele só encontrará almas simpáticas, que o egoísmo não tornou indiferentes. Pois tudo é amor na Natureza; o egoísmo é que o aniquila.
Há diferença pode ser grande para o estado futuro do Espírito, entre aquele que temia a morte e aquele que a via com indiferença e até mesmo com alegria; entretanto, ela em geral se apaga ante as causas que produzem esse medo ou esse desejo. Quem a teme ou quem a deseje pode ser impulsionado por sentimentos muito diversos, e são esses sentimentos que vão influir no estado futuro do Espírito. E evidente, por exemplo, que aquele que deseja a morte unicamente por ver na mesma o fim das tribulações, de certa maneira se queixa das provas que deve sofrer.
Se assim fosse, seria necessário se fazer profissão de fé no Espiritismo e crer nas manifestações para assegurar nossa sorte na vida futura. Se fosse assim, todos os que não creem ou não puderam esclarecer- se seriam deserdados, o que é absurdo. É o bem que assegura a sorte no futuro; ora, o bem é sempre o bem, qualquer que seja a via pela qual se conduz.
Comentário de Kardec: A crença no Espiritismo ajuda o ser humano a se melhorar ao lhe fixar as ideias sobre determinados pontos do futuro; ela apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas porque permite considerarmos o que seremos um dia: é, pois, um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina a suportar as provas com paciência e resignação, desvia o ser da prática dos atos que podem retardar-lhe a felicidade futura, e é assim que contribui para a sua felicidade. Mas nunca se disse que sem ele não se possa atingi-la.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS..