O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
CAPÍTULO VII. RETORNO A VIDA CORPORAL. INTRVENÇÃO DOS ESPÍRITOS NO MUNDO
CORPORAL. PODER OCULTO, TALISMÃ, FEITICEIROS.
Um ser humano mau, com o auxílio de um mau Espírito
que lhe for devotado, não pode fazer o mal ao seu próximo, porque Deus não o permitiria.
Da crença no poder de enfeitiçar que certas pessoas
teriam, podemos dizer que algumas
pessoas têm um poder magnético muito grande, do qual podem fazer mau uso
se o seu próprio Espírito for mau. Nesse caso poderão ser secundadas por
maus Espíritos. Mas não acreditemos nesse pretenso poder mágico que só
existe na imaginação das pessoas supersticiosas, ignorantes das
verdadeiras leis da Natureza. Os fatos que citam são fatos naturais mal observados
e, sobretudo mal compreendidos.
O efeito de fórmulas e práticas com as quais certas
pessoas pretendem dispor da vontade dos Espíritos, e a de se tornar ridículas, se são de boa-fé; no caso
contrário, são tratantes que merecem castigo. Todas as fórmulas são
charlatanices; não há nenhuma palavra sacramental, nenhum signo
cabalístico, nenhum talismã que tenha qualquer ação sobre os Espíritos,
porque eles só são atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais.
Certos Espíritos ditaram, algumas vezes, fórmulas
cabalísticas, pois tem Espíritos que indicam signos,
palavras bizarras, ou que prescrevem certos atos, com a ajuda dos quais
fazem aquilo que chamam conjuração. Mas fiquemos bem seguros de que são
Espíritos que zombam de e abusam da credulidade de algumas pessoas.
Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que
chama virtude de um talismã, não pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito.
Porque então é o pensamento que age; o talismã é um signo que ajuda a dirigir o
pensamento, mas a natureza do Espírito atraído
depende da natureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é
difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã
não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o
caso, isso indica estreiteza e fraqueza de ideias, que dão azo aos
Espíritos imperfeitos e zombadores.
O sentido da qualificativo de feiticeiro são pessoas, quando de boa-fé, que possuem certas
faculdades como o poder magnético ou a dupla vista. Como fazem coisas que não
compreendemos, as julgamos serem dotadas de poder sobrenatural. Exemplo que se
da, é que nossos sábios não passaram muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos
ignorantes.
Comentário de Kardec: O Espiritismo e o magnetismo nos dão a
chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas
fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação. O conhecimento
esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade
das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as ideias
supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da
Natureza e o que não passa de crença ridícula.
Certas pessoas têm realmente o dom de curar por
simples contato, pois o poder
magnético pode chegar até isso, quando é secundado pela pureza de
sentimentos e um ardente desejo de fazer o bem, porque então os bons Espíritos
auxiliam. Mas é necessário desconfiar da maneira por que as coisas são
contadas por pessoas muito crédulas ou muito entusiastas, sempre dispostas
a ver o maravilhoso nas coisas mais simples e mais naturais. É necessário também
desconfiar dos relatos interesseiros por parte de pessoas que exploram a
credulidade em proveito próprio.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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