sábado, 30 de setembro de 2017

PERDA DE PESSOAS AMADAS.

PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES. CAPÍTULO I. PENALIDADES E PRAZERES TERRENOS. PERDA DE PESSOAS AMADAS.

A perda de entes queridos vem a ser uma causa de sofrimento onde atinge tanto o rico como o pobre: é uma prova de expiação e lei para todos. Mas serve de consolação saber que poderemos um dia nos comunicar com os nossos amigos e parentes pelos meios de que dispomos, enquanto esperamos o aparecimento de outros mais diretos e mais acessíveis aos nossos sentidos.
A opinião das pessoas que consideram as comunicações  do além-túmulo como uma profanação, podemos dizer que não pode haver profanação quando há recolhimento e quando a evocação é feita com respeito e decoro. O que o prova é que os Espíritos que nos são afeiçoados se manifestam com prazer, sentem-se felizes com a nossa lembrança e por conversarem conosco. Profanação haveria se as evocações fossem feitas com leviandade.
Comentário de Kardec: A possibilidade de entrar em comunicação é uma bem doce consolação, que nos proporciona o meio de nos entretermos com os parentes e amigos que deixaram a Terra antes de nós. Pela evocação, eles se aproximam de nós, permanecem do nosso lado, nos ouvem e nos respondem. Não existe mais, por assim dizer, separação entre nós e eles, que nos ajudam com os seus conselhos, nos dão testemunhos da sua afeição e do contentamento que experimentam por nos lembrarmos deles.  É para nós uma satisfação sabê-los felizes e aprender através deles os detalhes da sua nova existência, adquirindo a certeza de um dia, por nossa vez, nos juntarmos a eles.
As dores inconsoláveis dos que ficam na Terra afetam os Espíritos que partiram, porque o Espírito é sensível a lembrança e às lamentações daqueles que amou, mas uma dor incessante e desarrazoada o afeta penosamente, porque ele vê nesse excesso uma falta de fé no futuro e de confiança em Deus, e por conseguinte um obstáculo ao progresso e talvez ao próprio reencontro com os que deixou.
Comentário de Kardec:  Estando o Espírito mais feliz do que na Terra, lamentar que tenha deixado esta vida é lamentar que ele seja feliz. Dois amigos estão presos na mesma cadeia; ambos devem ter um dia à liberdade, mas um deles a obtém  primeiro. Seria caridoso que aquele que continua preso se entristecesse por ter o seu amigo se libertando antes? Não haveria de sua parte mais egoísmo do que afeição, ao querer que o outro partilhasse por mais tempo do seu cativeiro e dos seus sofrimentos?  O mesmo acontece entre dois seres que se amam na Terra.  O que parte primeiro foi o primeiro a se libertar e devemos felicitá-lo por isso, esperando com paciência o momento em que também nos libertaremos.
Faremos outra comparação. Tendes um amigo que, ao nosso lado, se encontra em situação penosa. Sua saúde ou seu interesse exige que vá para outro país, onde estará melhor sob  todos os aspectos. Dessa maneira, ele não estará mais ao nosso lado, durante algum tempo. Mas estaremos sempre em correspondência com ele. A separação não será mais que material. Ficareis aborrecido com o seu afastamento, que é para o seu bem?
A doutrina espírita, pela s provas patentes que nos dá quanto à vida futura, à presença ao nosso redor dos seres aos quais amamos, à continuidade da sua afeição e da sua solicitude, pelas relações que nos permite entreter com eles, nos oferece uma suprema consolação, numa das causas mais legitimas de dor. Com o Espiritismo, não há mais abandono. O mais isolado dos seres humanos tem sempre amigos ao seu redor, com os quais pode comunicar-se.
Suportamos impacientemente as tribulações da vida. Elas nos parecem tão intoleráveis que supomos não as poder suportar. Não obstante, se as suportarmos com coragem, se soubermos impor silêncio às nossas lamentações, haveremos de nos felicitar quando estivermos fora desta prisão terrena, como o paciente que sofria se felicita, ao se ver curado, por haver suportado com resignação um tratamento doroso.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


DECEPÇÃO, INGRATIDÃO, AFEIÇÕES DESTRUTIVAS

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES. CAPÍTULO I. PENALIDADES E PRAZERES TERRENOS. DECEPÇÃO. INGRATIDÃO. AFEIÇÕES DESTRUÍDAS.
São para o ser humano de coração, decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade, sendo também uma fonte de amarguras. Porém, os ingratos e os infiéis, serão muito mais infelizes do que o ser afetado. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi.
Os seres devem se lembrar de todos os que hão feito mais bem do que eles, que valeram muito mais do que os seres e que tiveram por paga a ingratidão. O exemplo esta de que o próprio Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco.
Seja o bem que houverem feito, à recompensa na Terra não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos benefícios.
A ingratidão é uma prova para a perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.
As decepções da ingratidão podem servir de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade. Mas porquanto o ser humano de coração se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.
Mas, isso não impede que se lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a ideia de que seria mais feliz, se fosse menos sensível, se preferir a felicidade do egoísta. Triste felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha. Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.
A Natureza deu ao ser humano a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo são amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.
Bem, agora passaremos a uma ligeira análise das questões. A ingratidão é um defeito moral. Como todos os defeitos morais, ele causa constrangimento e dor a outros. Nem sempre, porém, o ingrato sabe que o está sendo por que o motivo é simples. O adiantamento moral depende e muito do intelectual. Muitos de nós não entendemos nossas emoções e quando entendemos, temos pouco controle sobre elas. A maioria das pessoas entendem-se controladas por suas emoções. Na verdade, o que deveria ocorrer é justamente o oposto. Nós é que deveríamos ser os mestres de nossas emoções. E isto é muito possível, principalmente através do conhecimento de nos mesmos. Diversos livros, cursos e palestras sobre autoajuda se encontram disponíveis. O próprio “O Evangelho Segundo o Espiritismo” está repleto de indicações de como conhecer-se melhor, de como ser melhor consigo mesmo e com os outros.
A necessidade de estima ocupa uma posição de destaque entre as necessidades humanas. Maslow, um pensador de Administração, coloca-a praticamente no topo, ou seja, a mais importante necessidade humana. Li certa vez que o espírito alimenta-se de amor e isto é ótimo, pois nós somos inesgotáveis fontes de amor. Em nossa evolução incessante, aprendemos a amar cada vez mais e melhor.
O porquê nos sentimos magoados com a ingratidão, vem a ser o motivo também simples: aguardamos um retorno, uma resposta ao bem que fizemos a esta ou aquela pessoa. É neste ponto que o espírita deve tomar cuidado especial. Se aguardamos receber algo em troca, desta ou daquela pessoa perguntamos? Que bem real estamos feito, se o certo seria o do fazer o bem sem ostentação. Ao sentirmos magoado, ostenta-se o bem feito outrora.
Devemos nada esperar do bem praticado. Não devemos aguardar gratidão, de nenhuma espécie, pois assim, jamais nos magoaremos. Fazer o bem sem a olhar a quem este é o lema.
O egoísta terá sua solidão para vivenciar, como resposta a suas ações ingratas. Os laços afetivos são duradouros e eternos, e espíritos afins se reconhecem por toda a eternidade. O mesmo ocorre com a mágoa e sentimentos menores. O grande castigo do egoísta é a solidão, ou seja, o convívio consigo mesmo. Temos de lembrar que o egoísta é, sobretudo, um espírito ainda muito primário. Suas dores, desejos e dificuldades se prendem ainda excessivamente a matéria e a si mesmo. Sua gana por conforto e benefícios pessoais o colocam numa rota muito dolorida no post-mortem. O egoísmo é, sobretudo, um defeito oriundo de dificuldades anteriores. É como se o espírito se lembrasse de necessidades pretéritas e se defendesse delas. É um medo atávico e geralmente inconsciente. Entretanto, eis aqui o erro primordial!
“ Olhai os lírios do campo”, dizia o Mestre”.
À medida que a evolução se processa neste espírito, ele esquece cada vez mais de si, pois suas necessidades vão diminuindo. Logo, sem necessidades, surgem abnegação e preocupação pelos demais, que ainda estão iludidos na matéria.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

FELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVA.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES. CAPÍTULO I. PENALIDADES E PRAZERES TERRENOS. FELICIDADE E INFELICIDADE RELATIVAS

O ser humano não pode gozar na Terra uma felicidade completa, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação, mas dele depende abrandar os seus males e ser tão feliz, quanto se pode ser na Terra.
Concebe-se que o ser humano possa ser feliz na Terra quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso não se verifica, pode cada um gozar de uma felicidade relativa.
O ser humano é, na maioria das vezes, o artífice de sua própria infelicidade. Praticando a lei de Deus, ele pode poupar-se a muitos males e gozar de uma felicidade tão grande quanto o comporta a sua existência num plano grosseiro.
Comentário de Kardec: O ser humano bem compenetrado do seu destino futuro não vê na existência corpórea mais do que uma rápida passagem. É como uma parada momentânea numa hospedaria precária. Ele se consola facilmente de alguns aborrecimentos passageiros, numa viagem que deve conduzi-lo a uma situação tanto melhor quanto mais atenciosamente tenha feito os seus preparativos para ela.
Somos punidos nesta vida pelas infrações que cometemos às leis da existência corpórea, pelos próprios males decorrentes dessas infrações e pelos nossos próprios excessos Se remontarmos pouco a pouco à origem do que chamamos infelicidades terrenas veremos a estas, na sua maioria, como a consequência de um primeiro desvio do caminho certo. Em virtude desse desvio inicial, entramos num mau caminho e de consequência em consequência, caímos afinal na desgraça.
A felicidade terrena é relativa à posição de cada um; o que é suficiente para a felicidade de um faz a desgraça de outro. Há, entretanto, uma medida comum de felicidade para todos os seres humanos.
Para a vida material, a posse do necessário; para a vida moral, a consciência pura e a fé no futuro.
Aquilo que seria supérfluo para um não se torna o necessário para outro, e vice-versa, segundo a posição.
Sim, de acordo com as nossas ideias materiais, os nossos preconceitos, a nossa ambição e todos os nossos caprichos ridículos, para os quais o futuro fará justiça quando tivermos a compreensão da verdade. Sem dúvida, aquele que tivesse uma renda de cinquenta mil libras e a visse reduzida a dez. mil, considerar-se-ia muito infeliz, por não poder continuar fazendo boa figura mantendo o que chama a sua classe, ter bons cavalos e lacaios, satisfazer a  todas as paixões etc. Julgaria faltar-lhe o necessário. Mas, francamente, podemos considerá-lo digno de lástima, quando ao seu lado há os que morrem de fome  e de frio, sem um lugar em que repousar a cabeça! O ser humano sensato, para ser feliz, olha para baixo e jamais para os que lhe estão acima, a não ser para elevar sua alma ao infinito.
Existem males que não dependem da maneira de agir e que ferem o ser humano mais justo. Existe algum meio de preserva-los, desde que o atingido se resigne e sofra sem queixa, se desejar progredir. Entretanto, encontra sempre uma consolação na sua própria consciência, que lhe dá a esperança de um futuro melhor, quando ele faz o necessário para obtê-lo.
Aos olhos daqueles que não enxergam alem do presente, fica a impressão de que Deus beneficia com os bens da fortuna de certos seres humanos que não parecem merecê-los.
Podemos dizer ainda, que se ter a fortuna, é uma prova geralmente mais perigosa que a miséria.
Os males deste mundo estão na razão das necessidades artificiais  que criamos para nós mesmos. Aquele que sabe limitar os seus desejos e ver sem cobiça o que estafara das suas possibilidades, poupa-se a muitos  aborrecimentos nesta vida. O mais rico é aquele que tem menos necessidades.
Invejamos os prazeres dos que nos parecem os felizes do mundo, mas devemos saber, por acaso, o que nos está reservado. Se não gozamos senão para nos  mesmos, seremos egoístas e teremos de sofrer o reverso. Lamentemos, antes de invejá-los! Deus, às vezes, permite que o mal prospere, mas essa felicidade não é para se invejar, porque a pagará com lágrimas amargas. Se o justo é infeliz é porque passa por uma prova que lhe será levada em conta, desde que a saiba suportar com coragem. Lembremos-nos das palavras de Jesus: “Bem-aventurados os que sofrem, porque serão consolados”.
O ser humano não é verdadeiramente desgraçado senão quando sente a falta daquilo que lhe é necessário para a vida e a saúde do corpo. Essa privação é talvez a consequência de sua própria falta e então ele só deve queixar-se de si mesmo. Se a falta fosse de outro, a responsabilidade caberia a quem a tivesse causado.
Na natureza especial das aptidões naturais, Deus indica evidentemente a nossa vocação neste mundo. Muitos males provêm do fato de não seguirmos essa vocação. Mas muitas vezes são os pais que, por orgulho ou avareza fazem os filhos se desviarem do caminho traçado pela Natureza comprometendo-lhes com isso a felicidade. Mas serão responsabilizados.
Diante do acima, se pergunta se é justo que o filho de um ser da alta sociedade venha a fabricar tamancos, se isto fosse a sua aptidão.
Respondemos que não se precisa cair no absurdo nem no exagero: a civilização tem as suas necessidades. Por que o filho de um ser humano da alta sociedade como dizemos teria de fazer tamancos, se pode fazer outras coisas. Ele poderá sempre se tornar útil na medida de suas faculdades, se não as aplicar em sentido contrário. Assim, por exemplo, em vez de um mau advogado, poderia ser talvez um bom mecânico etc.
Comentário de Kardec: O deslocamento de sua esfera intelectual é seguramente uma das causas mais frequentes de decepção. A inaptidão para a carreira abraçada é uma fonte inesgotável de reveses. Depois, o amor-próprio vem juntar-se a isso, impedindo o ser de recorrer a uma profissão mais humilde e lhe mostra  o suicídio como o supremo remédio para escapar ao que ele julga uma humilhação. Se uma educação moral o tivesse preparado acima dos tolos preconceitos do orgulho, jamais ele seria apanhado desprevenido.
Há pessoas que privadas de todos os recursos, mesmo quando reine a abundância em seu redor, não veem outra perspectiva de solução para o seu caso a não ser a morte.
O ser humano jamais deve ter a ideia de se deixar morrer de fome, pois sempre encontraria meios de se alimentar, se o orgulho não se interpusesse entre a necessidade e o trabalho.  Frequentemente dizemos que não há profissões humilhantes e que não é o ofício de desonra; mas dizemos para os outros e não para nós.
É evidente que, sem os preconceitos sociais, pelos quais se deixa dominar, o ser humano sempre encontraria um trabalho qualquer que o pudesse ajudar a viver, mesmo deslocado de sua posição. Mas entre as pessoas que não tem preconceitos ou que os põem de lado, não há as que estão impossibilitadas de prover as suas necessidades em consequência de moléstias ou outras causas independentes de sua vontade.
Numa sociedade organizada segundo a lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome.
Comentário de Kardec: Com uma organização social previdente e sábia, o ser não pode sofrer necessidades, a não ser por sua culpa. Mas as próprias culpas do ser humano são frequentemente o resultado do meio em que ele vive. Quando o ser praticar a lei de Deus, disporá de uma ordem social fundada na justiça e na solidariedade e com isso mesmo ele será melhor.
Nenhuma é perfeitamente feliz, tanto as classes sociais sofredoras que são mais numerosas do que as felizes, pois aquilo que consideramos a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao pensamento acima, diremos que as classes a que chamamos sofredoras são mais numerosas porque a Terra é um lugar de expiação. Quando o ser a tiver transformado em morada do bem e dos Bons Espíritos, não mais será infeliz nesse mundo, que será para ele o paraíso terrestre.
Pela fraqueza dos bons, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência  sobre os bons.
Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância.
Se o ser humano em geral é, o artífice dos seus sofrimentos materiais sê-lo-á também dos sofrimentos morais, mais ainda, pois os sofrimentos materiais são às vezes, independentes da vontade, enquanto o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, enfim constituírem torturas da alma.
Inveja e ciúme! Felizes os que não conhecem esses dois vermes vorazes. Com a inveja e o ciúme, não há calma, não há repouso possível.  Para aquele que sofre desses males, os objetos da sua cobiça, do seu ódio e do seu despeito; se erguem diante dele como fantasmas que não o deixam em paz e o perseguem até no sono. O invejoso e o ciumento vivem num estado de febre contínua. Com essas paixões, o ser humano cria para si mesmo suplícios voluntários e que a Terra se transforma para ele num verdadeiro inferno.
Comentário de Kardec: Muitas expressões figuram energicamente os efeitos de algumas paixões. Diz-se: está inchado de orgulho, morrer de inveja, secar de ciúme ou de despeito,  perder o apetite por ciúmes etc. esse quadro nos dá bem a verdade. Às vezes, o ciúme nem tem objeto determinado. Há pessoas que se mostram naturalmente ciumentas de todos os que se elevam, de todos os que saem da vulgaridade, mesmo quando não tenham no caso nenhum interesse direto, mas unicamente por não poderem atingir o mesmo plano. Tudo aquilo que parece acima do horizonte comum as ofusca, e, se formassem a maioria da sociedade, tudo desejariam rebaixar ao seu próprio nível. Temos nestes casos o ciúme aliado à mediocridade.
O ser é infeliz, geralmente, pela importância que liga às coisas deste mundo.  A vaidade, a ambição e a cupidez fracassadas o fazem infeliz. Se ele se elevar acima do circulo estreito da vida material, se elevar o seu pensamento ao infinito, que é o seu destino, as vicissitudes  da Humanidade lhe parecerão mesquinhas e pueris, como as mágoas da criança que se aflige pela perda de um brinquedo que representava a sua felicidade suprema.
Aquele que só encontra a felicidade na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando não os pode satisfazer, enquanto o que não se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que para os outros constituiria infortúnio.
Referimo-nos aos seres civilizados porque o selvagem, tendo necessidades mais limitadas, não tem os mesmos motivos de cobiça e de angústias; sua maneira de ver as coisas é muito diferente. No estado de civilização, o ser pondera  a sua infelicidade, a analisa, e por isso é mais afetado por ela, mas pode também ponderar e analisar os seus meios de consolação. Esta consolação ele a encontra no sentimento cristão, que lhe dá a esperança de um futuro melhor, e no Espiritismo, que lhe dá a certeza do futuro.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.




quinta-feira, 28 de setembro de 2017

MEDO DA MORTE.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES. CAPÍTULO I. PENALIDADES E PRAZERES TERRENOS. MEDO DA MORTE.

 A preocupação com a morte é para muitas pessoas uma causa de terror; mas é porque desconhecem o futuro pela frente. Uma coisa devemos saber que nem todas tem o conhecimento Espiritual sobre a morte do corpo físico, e que o Espírito é eterno.
Muitas das religiões acabam persuadindo as pessoas desde cedo, de que há um inferno e um paraíso, sendo mais certo que elas vão para o inferno, pois lhes ensinam que aquilo que pertence à própria Natureza é um pecado mortal para a alma. Assim, quando se tornam grandes, se tiverem um pouco de raciocínio, não podem admitir isso e se tornam ateus ou materialistas. É dessa maneira que são levados a crer que nada existe além da vida presente. Quanto aos que persistiram na crença da infância, temem o fogo eterno que deve queima-los sem os destruir. A morte do corpo físico para quem tem o conhecimento espiritual não inspira nenhum temor  ao justo, porque a fé lhe dá a certeza do futuro, e a  esperança lhe acena com uma vida melhor e a caridade, cuja lei praticou. Lhe dá a segurança de que não encontrará, no mundo em que vai entrar, nenhum ser cujo olhar ele deva temer.
Comentário de Kardec: O ser humano mais ligado à vida corpórea do que à vida espiritual, tem na Terra as suas penas e os seus prazeres materiais. Sua felicidade está na satisfação fugidia de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada pelas vicissitudes da vida, permanece numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o amedronta, porque ele duvida do futuro e porque acredita deixar na Terra todas as suas afeições e todas as suas esperanças.
O ser humano moral, que se elevou acima das necessidades artificiais criadas pelas paixões tem desde este mundo, prazeres desconhecidos do ser material. A moderação dos seus desejos dá ao seu Espírito calma e serenidade. Feliz com o bem que fez não há para ele decepções e as contrariedades deslizam por sua alma sem lhe deixarem marcas dolorosas.
Há muitas pessoas e numerosas que acharão estes conselhos de felicidade um pouco banais, não verão neles o que chama lugares-comuns ou verdades cediças, e não dirão, por fim, que o segredo da felicidade consiste em saber suportar a infelicidade.
 Mas muitas delas são como certos doentes aos quais o médico prescreve a dieta: desejariam ser curados sem  remédios e continuando a entregar-se aos excessos.
 BIBLIOGRAFIA. O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


UNIÕES ANTIPÁTICAS.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES.
CAPÍTULO I. PENALIDADES E PRAZERES TERRENOS. UNIÕES ANTIPÁTICAS.

Partindo do principio de que os Espíritos simpáticos são levados a se unir.  A explicação de que entre os antipáticos, onde a afeição exista apenas de um lado e o amor sincero seja recebido com indiferença, e algumas vezes, em ódio, podemos dizer que se trata de uma punição mesmo passageira.
Além disso, quantos que pensam amar perdidamente porque julgam apenas as aparências, e, quando são obrigados a viver em comum, não tardam a reconhecer que se tratava somente de uma paixão material! Não é suficiente estar enamorado de uma pessoa que nos agrada e que supomos dotada de belas qualidades; é vivendo realmente com ela que a poderemos apreciar. Quantas uniões, por outro lado, que a princípio pareciam incompatíveis e com o correr do tempo, quando ambos se conheceram melhor , se transformaram num amor terno e durável porque baseado na estima recíproca! É necessário não esquecer que o Espírito é quem ama, e não o corpo, e que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade.
Há duas espécies de afeição: a do corpo e a da alma, e frequentemente se toma uma pela outra. A afeição da alma, quando pura e simpática, é duradoura; a do corpo é perecível; eis porque os que se julgam amar com um amor eterno acabam se odiando, quando passa a ilusão.
A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é igualmente uma fonte de sofrimentos, tanto muita amarga quando envenena toda a existência. Mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria das vezes, são a primeira causa. Em primeiro lugar, as nossas leis são erradas, pois acreditamos que Deus nos obriga a viver com aqueles que nos desagradam. Depois, nessas uniões procuramos quase sempre mais a satisfação do nosso orgulho e da nossa ambição do que a felicidade de uma afeição mútua. E sofremos, então, apenas a consequência dos nossos preconceitos.
Mas nesse caso haverá quase sempre uma vítima inocente, e isso é para ela uma dura expiação, mas a responsabilidade de sua infelicidade recairá sobre os que a causaram. Se a luz da verdade tiver penetrado em sua alma, ela se consolará com a fé no futuro. De resto, à medida que os preconceitos se enfraquecerem, desaparecerão também as causas das infelicidades íntimas.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.





terça-feira, 26 de setembro de 2017

EGOÍSMO

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL. EGOÍSMO.

Entre os vícios, o egoísmo é o que podemos considerar radical.
Dele se deriva todo o mal. Estudemos todos os vícios e veremos que no fundo de todos existe o egoísmo. Por   mais que lutemos contra eles, não chegaremos a extirpá-los enquanto não os atacarmos pela raiz, enquanto não lhes houvermos destruído a causa. Que todos os nossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades.
Estando o egoísmo fundado no interesse pessoal, parece difícil extirpá-lo inteiramente do coração do ser humano, mas chegaremos a isso à medida que os seres se esclarecem sobre as coisas espirituais, e darão o menos valor às materiais; em seguida, é necessário reformar as instituições humanas, que nos entretém e excitam. Isso depende da educação.
Mesmo sendo o egoísmo inerente à espécie humana, ele não se liga humanidade em si, mas ele se liga à  inferioridade dos Espíritos encarnados na Terra. Ora, os Espíritos se purificam nas encarnações sucessivas, perdendo o egoísmo assim como perdem as outras impurezas. Na Terra existem em maior número seres puros, mas conhecemos poucos porque a virtude não se procura fazer notar.
O egoísmo, longe de diminuir, cresce com a civilização, que parece excitá-lo e entretê-lo. Para destruí-lo é necessário que o egoísmo produzisse muito mal para fazer compreender a necessidade de sua extirpação. Quando os seres humanos se tiverem despido do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, não se fazendo o mal e se ajudando reciprocamente pelo sentimento fraterno de solidariedade. Então o forte será o apoio e não o opressor do fraco, e não mais se verão seres desprovidos do necessário, porque todos praticarão a lei de justiça. Esse é o reino do bem que os Espíritos estão encarregados de preparar.
O meio de se destruir o egoísmo de todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar é o egoísmo, porque se liga à influência da matéria, da qual o ser humano ainda muito próximo da sua origem, não pôde libertar-se. Tudo concorre para entreter essa influencia: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material, e, sobretudo com a compreensão que o Espiritismo nos dá quanto ao nosso estado futuro real e não desfigurado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, as usanças e as relações sociais. O egoísmo se funda na importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, repito-o, faz ver as coisas de tão alto que o sentimento da personalidade desaparece de alguma forma perante a imensidade. Ao destruir essa importância, ou pelo menos ao fazer ver a personalidade naquilo que de fato ela é, combate necessariamente o egoísmo.
E o contato que o ser experimenta do egoísmo dos outros que o torna geralmente egoísta, porque sente a necessidade de se pôr na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é levado a se ocupar de si mesmo mais que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja à base das instituições sociais, das relações legais de povo para povo e de ser para ser, e este pensará menos em si mesmo quando vir que os outros o fazem; sofrerá, assim, a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em face do atual desdobramento do egoísmo, é necessária uma verdadeira virtude para abdicar da própria personalidade em proveito dos outros que em geral não o reconhecem. E a esses, sobretudo, que possuem essa virtude, que está aberto o reino dos céus; a eles, sobretudo está reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que no dia do juízo quem quer que não tenha pensado senão em si mesmo será posto de lado.

Comentário de Kardec: Louváveis esforços são feitos, sem dúvida, para ajudar a Humanidade a avançar; encorajam-se, estimulam-se, honram-se os bons sentimentos, hoje mais do que em qualquer outra época, e, não obstante, o verme devorador do egoísmo continua a ser a praga social. É um verdadeiro mal que se espalha por todo o mundo e do qual cada um é mais ou menos vítima. É necessário combatê-lo, portanto, como se combate uma epidemia. Para isso, deve-se proceder á maneira dos médicos: remontar á causa. Que se pesquisem em toda a estrutura da organização social desde a família até os povos, da choupana ao palácio, todas as causas, todas as influências patentes ou ocultas que excitam, entretêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Uma vez conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo; só restará então combatê-las, senão a todas ao mesmo tempo, pelo menos por parte, e pouco a pouco o veneno será extirpado. A cura poderá ser prolongada porque as causas são numerosas, mas não é impossível. De resto, não se chegará a esse ponto se não se atacar o mal pela raiz, ou seja, pela educação. Não essa educação que tende a fazer seres instruídos, mas a que tende a fazer seres de bem. A educação se for bem compreendida, será a chave do progresso moral, quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireitá-los, da mesma maneira como se endireitam as plantas novas. Essa arte, porém, requer muito fato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro acreditar que basta ter a ciência para aplicá-la de maneira proveitosa. Quem quer que observe, desde o instante do seu nascimento, o filho do rico como o do pobre, notando todas as influências perniciosas que agem sobre ele em consequência da fraqueza, da incúria e da ignorância dos que o dirigem, e como em geral os meios empregados para moralizá-lo fracassam, não pode admirar-se de encontrar no mundo tantas confusões. Que se faça pela moral tanto quanto se faz pela inteligência e ver-se-á que, se há naturezas refratárias, há também, em maior número do que se pensa as que requerem apenas boa cultura para darem bons frutos.
O ser humano quer ser feliz: esse sentimento está na sua própria natureza; eis porque ele trabalha sem cessar para melhorar a sua situação na Terra, e procura as causas de seus males para os remediar. Quando compreender bem que o egoísmo é uma dessas causas, aquela que engendra o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, dos quais a todo momento ele é vítima, que leva a perturbação a todas as relações sociais, provoca as dissensões, destrói a confiança, obrigando-o a se manter constantemente numa atitude de defesa em face do seu vizinho, e que, enfim, do amigo faz um inimigo, então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua própria felicidade. Acrescentaremos que é incompatível com a sua própria segurança. Dessa maneira, quanto mais sofrer mais sentirá a necessidade de o combater, como combate a peste, os animais daninhos e todos os outros flagelos. A isso será solicitado pelo seu próprio interesse.
O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra deve ser o alvo de todos os esforços do ser humano, se ele deseja assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


CARACTERÍSTICA DO SER HUMANO.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL. CARACTERISTICA DO SER HUMANO DE BEM
Podemos reconhecer no ser humano de bem as características que  deve elevar o seu Espírito na hierarquia espírita, da seguinte maneira:
O Espírito prova a sua elevação, aliando todos os atos da sua vida corpórea que constituem a prática da lei de Deus, quando ele compreende por antecipação a vida espiritual.
Comentário de Kardec: O verdadeiro ser humano de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade na sua mais completa pureza. Se interrogar sua consciência sobre os atos praticados, perguntará se não violou essa lei, se não cometeu nenhum mal, se fez todo o bem que podia, se ninguém teve de se queixar dele. Enfim, se fez para os outros tudo o que queria que lhe fizessem.
O ser humano possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, e sacrifica o seu interesse pela justiça.
Ele é bom, humano e benevolente para com todos, porque vê irmãos em  todos os seres, sem exceção de raças ou de crenças.
Se Deus lhe deu o poder e a riqueza, olha essas coisas como um depósito do qual deve usar para o bem, e disso não se envaidece porque sabe que Deus, que  lhos deu, também poderá retirá-los.
Se a ordem social colocou seres humanos sob sua dependência, trata-os com bondade e benevolência porque são seus iguais perante Deus; usa de sua autoridade para lhes erguer o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
É indulgente para com as fraquezas dos outros porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência e se recorda destas palavras do Cristo: “Que aquele  que estiver sem pecado atire a primeira pedra”.
Não é vingativo: a exemplo de Jesus, perdoa as ofensas para não se lembrar senão dos benefícios, porque sabe que lhe será perdoado assim como tiver perdoado.
Respeita, enfim, nos seus semelhantes, todos os direitos decorrentes da lei  natural, como desejaria que respeitassem os seus.
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BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

PAIXÕES

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL.
PAIXÕES.

O princípio das paixões sendo natural não é má em si mesma.
A paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o princípio foi dado ao ser humano para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal.
O limite em que as paixões deixam de ser boas ou más é o mesmo quando um cavalo que é útil quando governado e perigoso quando governa. Reconheçamos, pois, que uma paixão se torna  perniciosa no momento em que deixa de governar, e quando resulta num prejuízo qualquer para nós ou para outro.
Comentário de Kardec: As paixões são alavancas que decuplicam as forças do ser humano e o ajudam a cumprir os desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, o ser se deixa dirigir por elas, cai no excesso e a própria força que em suas mãos poderia fazer, e o bem recai sobre ele e o esmaga.
Todas as paixões têm seu principio num sentimento ou numa necessidade da Natureza. O princípio das paixões não é, portanto, um mal, pois repousa sobre uma das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é o exagero de uma necessidade ou de um sentimento; está no excesso e não na causa; e esse excesso se torna mal quando tem por consequência algum mal.
Toda paixão que aproxima o ser humano da natureza animal distancia-o da natureza espiritual.
Todo sentimento que eleva o ser humana acima da natureza animal, anuncia o predomínio do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.
O ser humano poderia sempre vencer as suas más tendências pelos seus próprios esforços, e às vezes com pouco esforço; o que lhe falta é à vontade. Ah!, Como são poucos os que se esforçam!
O ser humano encontra nos Espíritos uma ajuda eficaz para superar as paixões, se orar a Deus e ao seu bom gênio com sinceridade, os Bons Espíritos virão certamente em seu auxílio, porque essa é a sua missão.
Existem paixões de tal maneira vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para superá-las, onde muitos dizem: “Eu quero!”, mas a vontade está apenas nos seus lábios. Elas querem, mas estão muito satisfeitas de que assim não seja. Quando o ser humano julgar que não pode superar suas paixões, é que o seu Espírito nelas se compraz, por consequência de sua própria inferioridade.
Aquele que procura reprimi-las compreende a sua natureza espiritual; vencê-las é para ele um triunfo do Espírito sobre a matéria.
O meio mais eficaz de se combater a predominância da natureza corpórea, é praticar a abnegação.

BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.


domingo, 24 de setembro de 2017

AS VIRTUDES E OS VÍCIOS.

0 LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO XII. PERFEIÇÃO MORAL. AS VIRTUDES E OS VÍCIOS.
Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Mas a mais sublime das virtudes consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
Os seres humanos que praticam o bem por um impulso espontâneo, sem que tenham de lutar com nenhum sentimento contrário, não têm elas o mesmo mérito daquelas que têm de lutar contra a sua própria natureza e conseguem superá-la.
Os seres humanos que não têm de lutar são porque já realizaram o progresso: lutaram anteriormente e venceram; é por isso que os bons sentimentos não lhes custam nenhum esforço e suas ações lhes parecem tão fáceis: o bem se tornou para eles um hábito. Deve-se honrá-los como a velhos guerreiros que conquistaram suas posições. Como estamos ainda longe da perfeição, esses exemplos nos espantam pelo contraste e os admiramos tanto mais porque são raros. Mas devemos saber que nos mundos mais avançados que o nosso, isso que entre nós é exceção se torna regra O sentimento do bem se encontra por toda parte e de maneira espontânea, porque são mundos habitados somente por bons Espíritos e uma única intenção má seria neles uma exceção monstruosa. Eis porque os seres ali são felizes e assim será também na Terra, quando a Humanidade se houver transformado e quando compreender e praticar a caridade na sua verdadeira acepção.
Dentro dos defeitos e os vícios sobre os quais ninguém se enganaria, o indício mais característico da imperfeição, vem a ser o interesse pessoal. As qualidades morais são geralmente como a douração de um objeto de cobre, que não resiste à pedra de toque. Um ser humano pode possuir qualidades reais que fazem para o mundo um ser de bem; mas essas qualidades, embora representem um progresso, não suportam em geral a certas provas, e basta ferir a tecla do interesse pessoal para se descobrir a fundo. O verdadeiro desinteresse é de fato tão raro na Terra que se pode admirá-lo como a um fenômeno, quando ele se apresenta. O apego às coisas materiais é um indício notório de inferioridade, pois, quanto mais o ser humano se apega aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino. Pelo desinteresse, ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.
As pessoas desinteressadas, mas sem discernimento, que prodigalizam os seus haveres sem proveito real, por não saberem empregá-los de maneira razoável, terão o mérito do desinteresse, mas não o do bem que poderiam fazer. Se o desinteresse é uma virtude, a prodigalidade irrefletida é sempre, pelo menos uma falta de juízo. A fortuna não é dada a alguns para ser lançada ao vento como não o é a outros para ser encerrada num cofre.
E um depósito de que terão de prestar contas, porque terão de responder por todo o bem que poderiam ter feito e não o fizeram: por todas as lágrimas que poderiam ter enxugado com o dinheiro dado aos que na verdade não estavam necessitados.
É necessário fazer o bem por caridade, ou seja, sem interesse, e não aquele que faz o bem visando uma recompensa na Terra na esperança de que lhe seja levado em conta na outra vida, o qual esse pensamento prejudica o seu  adiantamento.
Dentro do desejo de se progredir para sair da situação penosa desta vida, se pensar que simplesmente pela prática do bem se pode esperar uma situação melhor é errado. Porque aquele que faz o bem sem segunda intenção, pelo prazer único de ser agradável a Deus e ao seu próximo sofredor, já se encontra num grau de adiantamento que lhe permitirá chegar mais rapidamente à felicidade do que o seu irmão que, mais positivo, faz o bem por cálculo e não pelo impulso natural do coração.
Praticar o bem ao  próximo e cuidar de se corrigir dos próprios defeitos, com segunda intenção é pouco meritório, trata-se de um egoísmo. Mas emendar-se, vencer as paixões, corrigir o caráter, visando a se aproximar dos bons Espíritos sem querer nada em troca é se elevar, e é meritório.
Não há nenhum egoísmo em se melhorar com vistas de se aproximar de Deus, pois esse é o objetivo de todos.
Mesmo que a vida corpórea seja apenas uma efêmera passagem por este mundo, devemos sim nos preparar para a vida futura, sendo útil se esforçar por adquirirmos conhecimentos científicos.
O nosso Espírito se elevará mais depressa se houver progredido intelectualmente. No intervalo das encarnações, aprenderemos em uma hora aquilo que na Terra demandaria anos. Nenhum conhecimento é inútil; todos contribuem mais ou menos para o adiantamento, porque o Espírito perfeito deve saber tudo e, devendo o progresso realizar-se em todos os sentidos, todas as ideias adquiridas ajudam o desenvolvimento do Espírito.
Entre aquele que nasceu na opulência e jamais conheceu a necessidade, e o outro que deve a sua fortuna ao seu próprio trabalho, e ambos a empregam exclusivamente em sua satisfação pessoal. O mais culpado é aquele que conheceu o sofrimento, por que. ele sabe o que é sofrer. Conhece a dor que não alivia, mas como geralmente acontece, nem se lembra mais dela.
É um compromisso de má consciência aquele que acumula sem cessar e sem beneficiar a ninguém, e somente aos seus herdeiros.
Entre dois seres humanos, o primeiro se priva do necessário e morre de necessidades sobre o seu tesouro; o segundo é avaro só para os demais e pródigo para consigo mesmo; enquanto recua diante do mais ligeiro sacrifício para prestar um serviço ou fazer uma coisa útil, nada lhe parece muito para satisfazer aos seus gostos e às suas paixões. O mais culpável no mundo dos Espíritos será aquele que goza. É mais egoísta do que avarento. O outro já recebeu uma parte de sua punição.                             .
O sentimento é louvável, quando puro em se cobiçar a riqueza com o desejo de praticar o bem. Mas não quando este desejo é sempre bastante interessado em se fazer o bem a nós somente.
Existe culpa em se estudar os defeitos alheios com o fito de criticá-los e divulgar, porque isso é faltar com a caridade. Se for com intenção de proveito pessoal, evitando-se aqueles defeitos, pode ser útil. Mas não se deve esquecer que a indulgência para com os defeitos alheios é uma das virtudes compreendidas na caridade. Antes de censurar as imperfeições dos outros, vejamos se não podemos fazer o mesmo a nosso respeito. Tratai, pois, de possuir qualidades contrarias aos defeitos que criticais nos outros. Esse é um meio de nos tornarmos superiores.
Se os censuramos por serem avarentos, sejamos generosos; sejamos grandes em todas as nossas ações. Em uma palavra, pratiquemos aquilo que Jesus deixou dito: “Vedes um argueiro no olho do vizinho e não vedes uma trave no vosso”.
Será considerado culpado, aquele que revelar o mal, se o sentimento for fazer escândalo. Isto trata-se de  um prazer pessoal que se proporciona, apresentando quadros que são, em geral, ante um mau do que um bom exemplo. O Espírito faz uma apreciação, mas pode ser punido por essa espécie de prazer que  sente em revelar o mal.
Para se saber a pureza das intenções e a sinceridade do escritor isso nem sempre é útil. Se ele escreve boas coisas, procura aproveitá-las; se escreve más, e uma questão de consciência que a ele diz respeito. De resto, se ele quer provar a sua sinceridade, cabe-lhe apoiar os preceitos no seu próprio exemplo.
Alguns autores publicam obras muito belas e moralmente elevadas, que ajudam o progresso da Humanidade, mas das quais eles mesmos não tiraram  proveito. Como Espírito isto se será levado em conta o bem que fizeram através de suas obras, os Bons espíritos nos respondem:
Que a moral sem ações é como a semente sem. o trabalho. De que pode servir a semente se não afizerem frutificar para alimentá-los. Esses seres humanos são mais culpáveis porque tinham inteligência para compreender; não praticando as máximas que ofereciam aos outros, renunciaram a colher os seus frutos.
E repreensível aquele que fazendo conscientemente o bem, reconhece que o faz desde que possa ter consciência do mal que fizer, onde deve tê-la igualmente do bem, a fim de saber se age bem ou mal. É pesando todas as suas ações na balança da lei de Deus, e, sobretudo na da lei de justiça, de amor e de caridade, que ele poderá dizer a si mesmo se as suas ações são boas ou más e aprová-las ou desaprová-las. Não pode, pois, ser responsabilizado por reconhecer que triunfou das más tendências e de estar satisfeito por isso, desde que não se envaideça com o que cairia em outra falta.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
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