O LIVRO DOS ESPÍRITOS. PARTE
QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES. CAPÍTULO I. PENALIDADES E PRAZERES TERRENOS. DECEPÇÃO.
INGRATIDÃO. AFEIÇÕES DESTRUÍDAS.
São para o ser humano de
coração, decepções oriundas da ingratidão e da fragilidade dos laços da amizade,
sendo também uma fonte de amarguras. Porém, os ingratos e os infiéis, serão muito
mais infelizes do que o ser afetado. A ingratidão é filha do egoísmo e o
egoísta topará mais tarde com corações insensíveis, como o seu próprio o foi.
Os seres devem se lembrar de
todos os que hão feito mais bem do que eles, que valeram muito mais do que os
seres e que tiveram por paga a ingratidão. O exemplo esta de que o próprio
Jesus foi, quando no mundo, injuriado e menosprezado, tratado de velhaco.
Seja o bem que houverem feito,
à recompensa na Terra não atenteis no que dizem os que hão recebido os vossos
benefícios.
A ingratidão é uma prova para
a perseverança na prática do bem; ser-vos-á levada em conta e os que vos forem
ingratos serão tanto mais punidos, quanto maior lhes tenha sido a ingratidão.
As decepções da ingratidão podem
servir de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade. Mas porquanto
o ser humano de coração se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se
esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se
envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.
Mas, isso não impede que se
lhe ulcere o coração. Ora, daí não poderá nascer-lhe a ideia de que seria mais
feliz, se fosse menos sensível, se preferir a felicidade do egoísta. Triste
felicidade essa! Saiba, pois, que os amigos ingratos que os abandonam não são
dignos de sua amizade e que se enganou a respeito deles. Assim sendo, não há de
que lamentar o tê-los perdido. Mais tarde achará outros, que saberão
compreendê-lo melhor. Lastimai os que usam para convosco de um procedimento que
não tenhais merecido, pois bem triste se lhes apresentará o reverso da medalha.
Não vos aflijais, porém, com isso: será o meio de vos colocardes acima deles.
A Natureza deu ao ser humano a
necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos
na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim,
as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde
tudo são amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.
Bem, agora passaremos a uma
ligeira análise das questões. A ingratidão é um defeito moral. Como todos os
defeitos morais, ele causa constrangimento e dor a outros. Nem sempre, porém, o
ingrato sabe que o está sendo por que o motivo é simples. O adiantamento moral
depende e muito do intelectual. Muitos de nós não entendemos nossas emoções e
quando entendemos, temos pouco controle sobre elas. A maioria das pessoas
entendem-se controladas por suas emoções. Na verdade, o que deveria ocorrer é
justamente o oposto. Nós é que deveríamos ser os mestres de nossas emoções. E
isto é muito possível, principalmente através do conhecimento de nos mesmos.
Diversos livros, cursos e palestras sobre autoajuda se encontram disponíveis. O
próprio “O Evangelho Segundo o Espiritismo” está repleto de indicações de como
conhecer-se melhor, de como ser melhor consigo mesmo e com os outros.
A necessidade de estima ocupa
uma posição de destaque entre as necessidades humanas. Maslow, um pensador de
Administração, coloca-a praticamente no topo, ou seja, a mais importante
necessidade humana. Li certa vez que o espírito alimenta-se de amor e isto é
ótimo, pois nós somos inesgotáveis fontes de amor. Em nossa evolução
incessante, aprendemos a amar cada vez mais e melhor.
O porquê nos sentimos magoados
com a ingratidão, vem a ser o motivo também simples: aguardamos um retorno, uma
resposta ao bem que fizemos a esta ou aquela pessoa. É neste ponto que o
espírita deve tomar cuidado especial. Se aguardamos receber algo em troca,
desta ou daquela pessoa perguntamos? Que bem real estamos feito, se o certo seria
o do fazer o bem sem ostentação. Ao sentirmos magoado, ostenta-se o bem feito
outrora.
Devemos nada esperar do bem
praticado. Não devemos aguardar gratidão, de nenhuma espécie, pois assim,
jamais nos magoaremos. Fazer o bem sem a olhar a quem este é o lema.
O egoísta terá sua solidão
para vivenciar, como resposta a suas ações ingratas. Os laços afetivos são
duradouros e eternos, e espíritos afins se reconhecem por toda a eternidade. O
mesmo ocorre com a mágoa e sentimentos menores. O grande castigo do egoísta é a
solidão, ou seja, o convívio consigo mesmo. Temos de lembrar que o egoísta é,
sobretudo, um espírito ainda muito primário. Suas dores, desejos e dificuldades
se prendem ainda excessivamente a matéria e a si mesmo. Sua gana por conforto e
benefícios pessoais o colocam numa rota muito dolorida no post-mortem. O
egoísmo é, sobretudo, um defeito oriundo de dificuldades anteriores. É como se
o espírito se lembrasse de necessidades pretéritas e se defendesse delas. É um
medo atávico e geralmente inconsciente. Entretanto, eis aqui o erro primordial!
“ Olhai os lírios do campo”,
dizia o Mestre”.
À medida que a evolução se
processa neste espírito, ele esquece cada vez mais de si, pois suas necessidades
vão diminuindo. Logo, sem necessidades, surgem abnegação e preocupação pelos
demais, que ainda estão iludidos na matéria.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS
ESPÍRITOS.
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