O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
PARTE QUARTA. ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES.
CAPÍTULO I. PENALIDADES
E PRAZERES TERRENOS. UNIÕES ANTIPÁTICAS.
Partindo do principio de que os Espíritos simpáticos são levados a se
unir. A explicação de que entre os antipáticos, onde a afeição exista
apenas de um lado e o amor sincero seja recebido com indiferença, e algumas
vezes, em ódio, podemos dizer que se trata de uma punição mesmo passageira.
Além disso, quantos que
pensam amar perdidamente porque julgam apenas as aparências, e, quando são obrigados
a viver em comum, não tardam a reconhecer que se tratava somente de uma paixão
material! Não é suficiente estar enamorado de uma pessoa que nos agrada e que
supomos dotada de belas qualidades; é vivendo realmente com ela que a poderemos
apreciar. Quantas uniões, por outro lado, que a princípio pareciam
incompatíveis e com o correr do tempo, quando ambos se conheceram melhor , se
transformaram num amor terno e durável porque baseado na estima recíproca! É
necessário não esquecer que o Espírito é quem ama, e não o corpo, e que,
dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade.
Há duas espécies de
afeição: a do corpo e a da alma, e frequentemente se toma uma pela outra. A
afeição da alma, quando pura e simpática, é duradoura; a do corpo é perecível;
eis porque os que se julgam amar com um amor eterno acabam se odiando, quando
passa a ilusão.
A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é
igualmente uma fonte de sofrimentos, tanto muita amarga quando envenena toda a
existência. Mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria
das vezes, são a primeira causa. Em primeiro lugar, as nossas leis são erradas,
pois acreditamos que Deus nos obriga a viver com aqueles que nos desagradam. Depois,
nessas uniões procuramos quase sempre mais a satisfação do nosso orgulho e da nossa
ambição do que a felicidade de uma afeição mútua. E sofremos, então, apenas a consequência
dos nossos preconceitos.
Mas nesse caso haverá quase sempre uma vítima inocente, e isso é para ela uma dura expiação, mas a responsabilidade de sua
infelicidade recairá sobre os que a causaram. Se a luz da verdade tiver
penetrado em sua alma, ela se consolará com a fé no futuro. De resto, à medida
que os preconceitos se enfraquecerem, desaparecerão também as causas das
infelicidades íntimas.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO
DOS ESPÍRITOS.
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